A Justiça acatou a denúncia contra o ex-prefeito de Araçariguama (SP) Carlos Aymar e o secretário de Governo, Israel Pereira da Silva, pelo crime em relação ao flagrante de pagamento de propina, no valor de R$ 14 mil, em uma sala da prefeitura.
O juiz criminal de São Roque, Flávio Roberto de Carvalho, negou o pedido de prisão domiciliar feito pela defesa de Aymar, que alegou problemas de saúde do ex-prefeito.
Em sua decisão, o juiz afirmou que um eventual problema de saúde não serve como argumento para eventual liberdade, tendo em vista que todas as unidades prisionais constam com atendimento médico e outros sentenciados e presos provisórios recorrem o tratamento do Estado.
O Tribunal de Justiça negou também o pedido de soltura do ex-secretário de Governo Israel Pereira da Silva, que foi feito por intermédio de habeas corpus.
Prefeita afastada
A Justiça negou na quarta-feira (23) o pedido da prefeita afastada de Araçariguama (SP) para voltar ao cargo. O vice-prefeito João Batista Junior, o “Joca”, passou a assumir o cargo.
Lili Aymar foi afastada por improbidade administrativa. O pedido foi feito pelo Ministério Público, que alegou que o marido dela era quem realmente administrava a cidade.
Carlos Aymar foi preso na semana passada suspeito de receber dinheiro de propina para liberar a construção de um conjunto habitacional.
O secretário de gabinete, Israel Pereira da Silva, também foi preso por suposta participação no esquema. Os dois estão detidos em Tremembé.
Afastamento
O documento que pedia o afastamento tem como base do artigo 20 da Lei Federal n.8429/92, que diz respeito à improbidade administrativa.
Segundo o texto, Lili Aymar permitiu e autorizou que seu marido, mesmo sem qualquer nomeação para cargo em comissão, tivesse um espaço no prédio da prefeitura. Em nota, a prefeitura informou que o ex-prefeito não tinha e nunca teve sala exclusiva na sede.
O pedido de afastamento feito pelo MP indica que um inquérito civil foi instaurado no início de 2017 por conta de uma representação que afirmava que Carlos Aymar estaria exercendo as funções de prefeito.
Aymar também participava, conforme o MP, de reuniões entre o Executivo e vereadores, nas quais supostamente comandava certas decisões.
Segundo o documento, Lili Aymar, como esposa de Carlos, teria sido escolhida para concorrer às eleições municipais de Araçariguama para garantir o retorno do marido indiretamente ao cargo de chefe do Executivo.00:00/03:19

Justiça afasta prefeita após marido ser preso por cobrar propina em Araçariguama
2º afastamento
Esta já é a segunda vez que Lili Aymar é afastada do cargo de prefeita de Araçariguama. Em fevereiro de 2019, ela teve o mandato cassado pela Câmara de Vereadores pelo suposto uso de verbas públicas irregularmente no aluguel de imóveis.

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Prefeita de Araçariguama, Lily Aymar já foi afastada do cargo neste ano — Foto: TV TEM/Reprodução
O relatório da Comissão Processante apontou que a prefeita usou verba pública de R$ 40 mil no aluguel dos imóveis particulares onde seriam instaladas escolas. Na época, a denúncia foi feita por um morador.
No entanto, Lili Aymar entrou com uma liminar que pedia a anulação do decreto no Legislativo. O juiz Diego Ferreira Mendes aceitou o pedido da defesa e ela voltou ao cargo no fim de fevereiro.
Propina na prefeitura
Na segunda-feira (14), o ex- prefeito da cidade e marido de Lili, Carlos Aymar, foi preso em flagrante ao receber propina dentro da prefeitura.
A Delegacia Seccional de Sorocaba (SP) estava investigando o caso e tinha pedido um mandado de prisão contra Carlos Aymar e o secretário Israel Pereira da Silva.

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Secretário de governo também foi preso pela Polícia Civil em Araçariguama — Foto: Arcílio Neto/TV TEM
O dinheiro foi encontrado dentro de uma sacola plástica que estava guardada no armário da sala do ex-prefeito. Apesar de não ter cargo na prefeitura, ele tinha uma sala dentro do prédio.
Segundo a polícia, os R$ 14 mil foram entregues pela representante de uma cooperativa de habitação como pagamento de propina. Os dois tiveram a prisão preventiva decretada.
O advogado de Carlos informou que iria entrar com pedido de habeas corpus para que o ex-prefeito aguarde o término das investigações ou o julgamento em liberdade. Já a defesa de Israel informou que não pediu o habeas corpus e que só fará o pedido depois que o inquérito policial for encaminhado para a Justiça.
O ex-prefeito e o ex-secretário de governo foram indiciados na quinta (17). Segundo a polícia, os dois vão responder por organização criminosa, usurpação da função pública e corrupção passiva. Se condenados pelos dois crimes, eles podem pegar até oito anos de prisão.

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Dinheiro em Araçariguama foi apreendido pela polícia — Foto: Arquivo pessoal fonte g1